Criada há 77 anos com a especialidade no processamento de tanino, extraído da casca de acácias negras, desativou suas plantas industriais em Rio Grande, saindo do mercado de produção de pellets e cavacos, também a partir do plantio de acácias. Estão previstos R$ 110 milhões em investimentos até o final deste ano.
“Mesmo com grande aporte de investimentos nos últimos anos, a operação em Rio Grande vinha se mostrando deficitária, então, na nossa reestruturação, privilegiamos aquela que historicamente é a nossa especialidade, com muito investimento no aprimoramento dos nossos laboratórios e no desenvolvimento de novos produtos a partir do tanino. Eu costumo dizer que o tanino é como um bombril, cada vez que pesquisamos mais, descobrimos mais uma utilidade. E isso resulta em maior valor agregado à nossa produção”, explica o presidente da empresa, Luciano Valcarenghi.
Entre os investimentos deste ano, R$ 30 milhões são destinados a obras de mitigação na sede e nos laboratórios da Tanac, em Montenegro, atingidos pela cheia de 2024. Há ainda o dobro do aporte destinado nos últimos anos ao plantio florestal de acácia negra, chegando a R$ 10 milhões desembolsados. Além da operação em Montenegro, no Vale do Caí, a Tanac mantém um viveiro com desenvolvimento de mudas e plantio em Triunfo e, recentemente, inaugurou uma nova unidade de recebimento e processamento da madeira — com a separação da casca da acácia, de onde é retirada a matéria-prima para a produção química — em Arroio dos Ratos, no Vale do Rio Pardo. Outros pelo menos R$ 5 milhões são garantidos para pesquisa e desenvolvimento.
De acordo com o diretor financeiro da empresa, Eduardo Edinger, a perspectiva de faturamento em 2025 é de R$ 500 milhões. Redução de quase 30% em relação ao ano passado. “O faturamento reduz, mas a rentabilidade das nossas operações está em elevação. Deixamos de ter que desembolsar valores para equilibrar a industrialização florestal e estamos cada vez mais avançando em setores estratégicos da economia para o uso dos produtos desenvolvidos pelos nossos laboratórios”, explica Edinger.
O tanino garante, por exemplo, alto grau de sustentabilidade no curtimento de couros e no tratamento de efluentes. Entre os novos produtos, está um aditivo para a nutrição animal, que age como reforço na imunidade de animais como frangos e suínos, aumentando a absorção de nutrientes e reduzindo o risco de doenças.
Neste ano, a empresa também traz ao mercado um fertilizante produzido a partir do tanino, que se mostra eficiente em situações de estresse hídrico e, segundo Valcarenghi, garante produtividade de até cinco sacas a mais de soja por hectare.
“A nossa produção a partir da acácia negra é, essencialmente, sustentável. Todos os nossos produtos atendem a uma agenda de base orgânica, com produtos que, na indústria, substituem outros produtos não orgânicos e poluentes”, diz o presidente da Tanac.
Seguindo este princípio, está atualmente em fase de testes, pela Universidade de Brasília, uma luva antialergênica, usada por profissionais de saúde em ambientes hospitalares. E, em parceria com a Petrobras, após pesquisas o laboratório de mineração da UFRGS, é testado no mar da Escócia, um produto obtido a partir do tanino que trata com maior eficiência a água descartada por poços em plataformas de petróleo, substituindo outros produtos químicos de difícil transporte até as plataformas em alto mar. A Tanac já é fornecedora da Refap com seu produto de tratamento de efluentes.
Acácia na matriz produtiva da CMPC
De acordo com Luciano Valcarenghi, a empresa exporta para 60 países, e segue em expansão. Até o último ano, a madeira de acácia negra processada em Rio Grande era fornecida principalmente para o Japão e a China, onde é produzida celulose com grande valor agregado. Agora, sem o processamento próprio, a madeira da acácia é fornecida à CMPC.
“Somos os maiores produtores mundiais de acácia negra, que só é obtida no Paralelo 30. São 30 mil hectares próprios e outros 20 mil hectares fomentados com produtores no Rio Grande do Sul. Para o processamento químico, utilizamos somente a casca da árvore. O restante seria descartado sem a nossa produção em Rio Grande. Então, passamos a compor a cadeia produtiva da CMPC, que garantirá o valor agregado dessa celulose que tem um mercado muito significativo na Ásia”, aponta Valcarenghi.
Segundo ele, a produção de celulose a partir da acácia rende 20% a mais do que o eucalipto. O plantio desta espécie representa 6,9% da área florestal plantada no Rio Grande do Sul.
Ficha técnica
Investimento: R$ 110 milhões
Estágio: Em execução
Empresa: Tanac
Cidades: Montenegro, Triunfo, Arroio dos Ratos
Área: Indústria
Investimento em 2024: R$ 68 milhões
Confira a reportagem no Jornal do Comércio:
https://www.jornaldocomercio.com/especiais/anuario-de-investimentos/2025/07/1211610-em-reestruturacao-tanac-investe-na-versatilidade-da-producao-de-tanino.html
